Por: Anderson Beck

A inteligência artificial (IA) está na vanguarda da revolução tecnológica, moldando o futuro do trabalho de maneiras antes inimagináveis. Embora alguns se preocupem com o potencial da IA de eliminar empregos, esta inovação é, na verdade, uma oportunidade para criar novas funções e transformar as existentes.

Assim como a chegada dos computadores e da internet levantou dúvidas e receios, a IA também enfrenta ceticismo. No entanto, a história demonstra que a adaptação a novas tecnologias abre caminho para avanços significativos. Este artigo explora como a IA está redefinindo o mercado de trabalho e o que indivíduos e empresas devem fazer para se adaptar.

Como humanos, temos medo do desconhecido. Quando os computadores começaram a se popularizar na segunda metade do século XX, muitas pessoas temiam que esses dispositivos eliminassem uma vasta gama de empregos. Ainda assim, o efeito foi o oposto. Novas profissões foram criadas, e tarefas monótonas e repetitivas foram automatizadas, permitindo que os trabalhadores se concentrassem em atividades mais complexas e gratificantes.

Similarmente, a ascensão da internet no final dos anos 90 gerou preocupação com a obsolescência de certas funções. No entanto, hoje reconhecemos que a internet apenas expandiu as oportunidades de trabalho, possibilitando profissões que nem sequer existiam anteriormente, como desenvolvedores web, especialistas em marketing digital e influenciadores de mídia social.

A Inteligência Artificial é o novo horizonte, e podemos dizer que sim, é um horizonte de muita automação e de novas oportunidades. Como seus predecessores tecnológicos, a IA está sendo vista com desconfiança, no entanto, tem o potencial de transformar diversos mercados de maneiras positivas, criando novos papéis profissionais e melhorando a eficiência. Por exemplo:

– Setor da saúde: a IA pode ajudar no diagnóstico precoce de doenças, permitindo que médicos se concentrem no tratamento e cuidado dos pacientes;

– Mercado financeiro: algoritmos de IA podem realizar análises de risco e detecção de fraudes, permitindo que os profissionais do setor financeiro se concentrem em estratégias de investimento mais complexas;

– Indústria da transformação: robôs e sistemas automatizados podem assumir tarefas perigosas e repetitivas, enquanto os trabalhadores se envolvem em funções de supervisão e manutenção.

Meu ponto de vista é que a IA traz a possibilidade de ampliarmos as competências humanas. Ferramentas de IA podem analisar vastas quantidades de dados com rapidez e precisão, oferecendo insights que auxiliam na tomada de decisões estratégicas. Nessas circunstâncias, os profissionais podem atuar em papéis mais analíticos e decisivos, utilizando a IA como um recurso valioso e não como um substituto.

Porém, precisamos nos adaptar à essa nova era, pois ela exige um foco renovado em educação e requalificação. Cursos em ciências de dados, aprendizado sobre máquinas e programação se tornarão cada vez mais essenciais. Além disso, competências como pensamento crítico, resolução de problemas e criatividade, que não podem ser replicadas por máquinas, serão altamente valorizadas.

Universidades e instituições de ensino superior precisam atualizar seus currículos para incluir disciplinas que capacitem os alunos a trabalhar com IA. Programas de reciclagem profissional serão essenciais para os atuais trabalhadores que precisam adquirir novas habilidades ou atualizar as existentes. Além das competências técnicas, as soft skills, aquelas habilidades interpessoais e emocionais, terão um diferencial significativo. A IA pode assumir tarefas técnicas, mas não pode substituir a empatia, a liderança e a capacidade de negociação, por exemplo.

Podemos afirmar ainda que a colaboração entre indivíduos será crucial para maximizar a eficácia dos sistemas de IA. Profissões que demandam um alto grau de interação humana, como serviços de saúde e cuidados ao cliente, continuarão a exigir habilidades sociais e emocionais.

E não tem saída, não podemos esperar pela ajuda divina. As empresas devem abraçar a inovação, utilizando a IA para melhorar processos e criar valor. Isso pode significar a automação de processos de rotina, permitindo que os colaboradores se concentrem em tarefas mais complexas e inovadoras, por exemplo. As empresas devem reforçar seus investimentos em infraestrutura tecnológica que suportem sistemas de IA. Deverão fomentar uma cultura corporativa que valorize e incentive a inovação contínua, e isto será crucial para se manter competitivo.

Porém, a adoção responsável da IA exige considerações éticas e uma governança adequada para garantir que potenciais impactos negativos sejam minimizados.

Políticas governamentais devem assegurar que o desenvolvimento e a implementação da IA sejam conduzidos de maneira ética. As empresas devem ser transparentes sobre o uso de IA, garantindo que suas práticas sejam compreendidas e aceitas por clientes e colaboradores.

A inteligência artificial não vem para roubar empregos, mas para transformá-los e criar novas oportunidades. Assim como ocorreu com a chegada dos computadores e da internet, a IA é uma ferramenta que pode potencializar o trabalho humano, simplificando tarefas monótonas e oferecendo novas possibilidades. A chave para navegar nesta nova era é a adaptação. Indivíduos devem investir em educação contínua e desenvolvimento de soft skills, enquanto as empresas precisam adotar tecnologias de maneira ética e inovadora.

A história já demonstrou que a resistência ao progresso tecnológico é infundada. Ao invés disso, a abertura para a mudança e o espírito de inovação sempre levam a avanços e crescimento. Com a preparação adequada, a IA não só complementará o trabalho humano, mas também permitirá que as pessoas assumam papéis mais significativos, criativos e impactantes em suas carreiras.

Anderson Beck é Diretor de Administração e Planejamento do Grupo Orbenk